Entulhos da construção civil e da demolição são matérias primas importantes e de qualidade para a pavimentação de ruas e avenidas, entre outros espaços e vias. Pisos e pavimentos fabricados a partir do reaproveitamento desses resíduos permitem a drenagem do solo e evitam que milhares de toneladas sejam descartados diariamente no meio ambiente e em aterros.
Segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), no Brasil são recolhidas oficialmente por ano cerca de 33 milhões de toneladas de entulho – material suficiente para construir quase 500 mil casas populares de 50 metros quadrados cada. Levando em consideração o preço do Custo Unitário Básico (CUB) médio brasileiro da construção em outubro de 2012 (R$ 1.001,47), são cerca de R$ 26 bilhões. Este valor pode ser ainda mais alto, já que a própria Abrecon admite que a quantidade descartada é muito maior que a oficial.
Na Europa e Estados Unidos os produtos da indústria de pavimento ecológico já são amplamente utilizados e esse segmento é consolidado no mercado. Os blocos de concreto reciclados estão se tornando opção no Brasil para obras de prefeituras e condomínios, entre outros. O pavimento ecológico significa economia de recursos naturais e, também, econômicos. Custa menos do que o pavimento convencional.
Lei irá fiscalizar e punir empresas e pessoas que desobedecerem norma.
Prefeitura irá criar ecopontos para destinação dos resíduos.
A Prefeitura de Santos, no litoral de São Paulo, publicou nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da cidade a lei que regula a destinação adequada dos materiais descartados pela construção civil. O programa estabelece normas e procedimentos técnicos para a destinação, além de propor ações que estimulem o beneficiamento ou reciclagem dos materiais.
A Lei Complementar 792 estabelece normas que devem ser seguidas tanto pelos grandes construtores quanto para os pequenos. A lei considera grande gerador toda empresa que atua no setor e as obras que produzem volume superior a cerca de 200 quilos de resíduos.
A criação de ecopontos e postos de entrega voluntária para quantidades menores é uma das medidas a serem adotadas pela Administração Municipal, que também realizará campanhas educativas para orientar empresários, trabalhadores da construção civil e população em geral sobre as regras que começam a ser fiscalizadas.
A utilização de caçambas para recolhimento de resíduos de obras é um dos pontos definidos pela Lei Complementar. Com dimensões máxima de 2,70 m de altura, elas só poderão permanecer estacionadas em vias públicas por três dias seguidos, prazo que só
pode ser prorrogado por até 12 horas. O estacionamento fica proibido nas avenidas da orla entre as 18h de sexta- feira até as 9h da segunda seguinte. Todas devem estar limpas e cobertas, pintadas de amarelo e com sinalização que permita a visualização dia e noite.
As pessoas ou empresas que não cumprirem as determinações da Lei Complementar serão notificadas e terão prazo para regularizar a infração. Caso o infrator não seja encontrado para assinar o documento de fiscalização, a notificação será publicada no Diário Oficial.
Em casos de não cumprimento da lei complementar o infrator , a critério da autoridade fiscalizadora, poderá receber advertência, interdição, apreensão de máquinas e equipamentos, conforme o caso, ter a obra embargada, ter a suspensão ou cancelamento do cadastro emitido pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) Santos, cassação do alvará de localização e funcionamento, cancelamento do Plano de Gerenciamento de RSCC e
multa.
A destinação de resíduos da construção civil vem sendo tratada com mais cuidado nos últimos anos. Além da conscientização ambiental das empresas houve a publicação da resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) número 307. A medida classificou resíduos por tipos e deu algumas diretrizes para o seu descarte. As construtoras hoje respondem por 25% a 30% do volume de resíduos gerados nas construções. A grande maioria desse resíduo é gerado em pequenas reformas e pequenos serviços, chegando a representar 70% a 75% que por conta do grande número de obras acaba gerando grande volume.
– Trabalhamos na Pauger com uma preocupação muito grande na destinação, especialmente do gesso. É importante pensar de que maneira pode ser transformado esse resíduo. O material hoje é colocado em um contêiner específico e depois encaminhado para um aterro especializad – explica a arquiteta da Pauger Engenharia, Thaís da Silveira.
Pesquisa realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo mostrou que o gesso e a madeira são os principais problemas. Nas obras antigas, o gesso não está presente com tanta intensidade. Porém, em estruturas recentes o percentual de gesso pode chegar a aproximadamente 30% do volume de resíduos que é gerado, conforme estimativa da Pauger Engenharia.
A Associação Brasileira do Drywall mantém em seu site na internet (www.drywall.org.br) a relação atualizada das Áreas deTransbordo e Triagem (ATTs) capacitadas a receber resíduos de gesso em operação nas capitais brasileiras e em outras localidades.
A Usifort é pioneira do Nordeste na reciclagem dos resíduos que antes eram despejados em aterros sanitários
Em 1977, o empresário Marcos Kaiser levou para o Sindicato da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) uma ideia que soou como utópica e sem chances de ser concretizada. Ele propunha o uso de todo o entulho das construções demolidas para a fabricação, após processo de reciclagem, de novos imóveis.
Os mais céticos chegaram a dizer que “o cara era um lunático, um louco”. Passados 15 anos, o “devaneio” se transformou num rentável negócio e, o que é mais importante para a sociedade, trazendo ganhos para a natureza, que é poupada para obtenção de matéria-prima a ser usada no processo produtivo de novos materiais de construção.
Pioneira na região do Nordeste, a Usina de Reciclagem de Fortaleza (Usifort) vem expandindo suas atividades e atualmente é capaz de processar 200 toneladas de resíduos por hora.
Sem impacto
“Hoje, a Política Nacional de Resíduos Sólidos torna obrigatório o aproveitamento de tudo aquilo que pode ser reutilizado. Ela, portanto, tornou o reúso e a reciclagem obrigatórios. Em relação aos entulhos, os ganhos são expressivos pois, além de evitarmos novas intervenções danosas na natureza, evitamos, por exemplo, o impacto de mais caminhões rodando, gastando combustível e produzindo monóxido de carbono”, explica.
A Usifort, localizada no quilômetro seis da BR-116, tem estocado 300 mil metros cúbicos de resíduos resultantes de demolições. O montante é suficiente para a construção de 50 mil casas, segundo Marcos Kaiser. Com o que um dia foi tratado como entulho ou lixo, a usina fabrica uma linha de produtos ecológicos que inclui a brita, concreto, brita corrida, meio-fio, manilhas, boca-de-lobo, estacas, tampa para bueiros, pó de pedra e multimistura.
Tijolo ecológico
Além desses itens, um dos carros-chefe da empresa é o tijolo ecológico. Ele é feto do chamado resíduo classe “A” reciclado e misturado ao cimento. É prensado e curado, no mínimo, por um período de sete dias. O processo não utiliza a queima de lenha. Marcos assegura que “ele pode ser utilizado em qualquer tipo de edificação, principalmente onde se busca rapidez, o menor custo e a beleza no acabamento”.
A prática de recolher o entulho para reciclar na usina está dando lugar ao trabalho in loco. Graças à aquisição de um equipamento chamado pulverizador, capaz de fazer a separação do resíduo -concreto e ferro- na própria obra demolida e, através da unidade móvel de britagem, construir os tijolos. “A prensa hidráulica de blocos ecológicos nos permite não retirar um só grão de areia da natureza e não queimar nenhuma árvore, evitando soltar monóxido de carbono na natureza”, destaca o empresário Marcos Kaiser.
Uma máquina chamada britadora/impactadora facilita o trabalho. Ela recebe o entulho, realiza a separação magnética do ferro e produz o agregado reciclado que vai ser usado para a confecção dos produtos. O plástico e a madeira que são separados no processo de reciclagem são encaminhados às cooperativas que trabalham com esses resíduos.
Gesso
Outro material que está sendo aproveitado em parte é o gesso. Sua destinação é o campo. “Pode ser utilizado como corretivo do solo. Exceto se tiver sido pintado. Nesse caso, por enquanto, não tem jeito, já que a tinta pode contaminar o solo por ocasião do período chuvoso”.
Para se ter uma ideia da precisão com que tudo é devidamente segregado, é possível encontrar na usina grande quantidade de paralelepípedos retirados das ruas antigas de Fortaleza, como a Barão do Rio Branco, por exemplo. Alguns deles, a julgar pelo tamanho- um pouco maior do que os convencionais-, são da época do Império.
Ocupando uma área de 30 mil metros quadrados, a usina negocia com a Prefeitura um espaço maior, de 50 mil metros quadrados. “O nosso objetivo é manter todo o resíduo produzido aqui mesmo na Cidade. Transferi-lo para outro local, além do impacto com o transporte indevido causa perda de arrecadação, pois os impostos pagos iriam para outra prefeitura”, frisa Kaiser.
Apartamentos
No local onde funciona hoje a Usifort, existe projeto para a construção de 580 apartamentos totalmente ecológicos. “Além do material usado na edificação dos imóveis, seu funcionamento será dos mais sustentáveis. A ideia é reaproveitar todo tipo de resíduo que for gerado, inclusive os orgânicos, que alimentarão um biodigestor que vai gerar o gás para consumo dos próprios moradores, além do reúso da água, somente para citar dois exemplos”.
Presidiários
Outra prática da usina que está sendo renovada é o uso da mão de obra de ex-presidiários. “Estamos em negociação com o Conselho Nacional de Justiça para firmarmos um convênio para ressocialização daquelas pessoas condenadas a cumprir penas alternativas. Essa é uma tradição nossa. Por aqui já passaram cerca de 50 ex-presidiários. A nossa ideia é colocar para trabalhar mais de mil deles na construção civil”, revela.
A empresa planeja a expansão dos negócios. Está prestes a abrir uma outra sede, desta feita, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), mais precisamente, no município de Caucaia. Uma área de aproximadamente 30 mil metros quadrados está sendo negociada com a Prefeitura local, às margens da BR-020, no quilômetro dois.
Dentre as principais obras realizadas em Fortaleza nos últimos anos com a participação da Usifort, podemos citar o recém inaugurado Centro de Feiras e Eventos, a Central de Pequenos Negócios (novo Beco da Poeira) e a Avenida Maestro Lisboa.
Estoque
300 mil metros cúbicos de resíduos sólidos (entulhos) estão estocados na Usifort, o suficiente para bancar a construção de nada menos que 50 mil moradias
O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, participou, nesta segunda-feira (09;07) em Londres, de várias reuniões no Building Research Estabilishment (BRE) para conhecer e discutir sobre as inovações tecnológicas na construção civil. As experiências desenvolvidas pelo Building Research Estabilishment (BRE), instituto criado em 1921 voltado para o desenvolvimento de tecnologias para a construção civil, com foco na sustentabilidade, conforto e qualidade de vida dos seus moradores.
As técnicas de sustentabilidade indicadas pelo BRE foram utilizadas na construção do Estádio Oíimpico, centro dos principais jogos da Olimpiadas de Londres. Com pequenas mudanças na compra de materiais para a obra, foi possível reduzir em 33% a emissão de carbono. “Vamos estudar a forma de ampliar a parceria entre o Brasil e o Reino Unido nesta área de construção sustentável e na oportunidade de investimento para os dois países”, disse o ministro durante a visita.
Os técnicos do BRE apresentaram todos os estágios de construção sustentável: novos materiais, testes e monitoramento e métodos modernos de construção. Uma delas é construir casas com paredes erguidas com camadas de lã de carneiro e caucário misturado com resíduos da agricultura. O BRE já desenvolve no Brasil um projeto de construção de um parque tecnológico, em Brasília, para inovações tecnológicas para habitação de interesse social. “Temos especial interesse no desenvolvimento deste projeto”, disse o ministro.
Ainda no BRE, o ministro conheceu o projeto de casas sociais desenvolvido pela Fundação do Príncipe, apoiada pelo príncipe Charles. O diretor da fundação Tim Goodwin, disse que a casa tem modelo sustentável e atende ao padrão inglês de moradia, por exigência do príncipe. Materiais reciclados também foram utilizados na construção dos móveis e outros equipamentos da casa.
O ministro também visitou a casa construída com PVC, Cub House, também com padrões sustentáveis, qualidade e conforto. Além de projetos de construção que produz energia elétrica a partir do movimento de caminhar dos moradores. A visita foi acompanhada pela secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães, e o secretário Nacional de Acessibilidade, Leodegard Tiscoski. “Vamos estudar as experiências para ver como podemos adaptá-las a nossa realidade”, disse o ministro.
A agenda desta segunda-feira em Londres, terminou com um rápido encontro com o ministro de Comércio e Investimento, Lord Green. Nesta terça (10), o ministro Aguinaldo Ribeiro inicia sua agenda com uma reunião com o ministro para a Descentralização e Cidades, Greg Clark, e a diretora de Habitação, Terrie Alafat. À tarde, ele estará com os técnicos da Aecom, empresa que ganhou a concorrência para desenvolver o Plano Diretor do Parque Olímpico do Rio de Janeiro e Londres. Na pauta, temas como desenvolvimento urbano e projetos de revitalização dos projetos olímpicos, água, resíduos e saneamento básico, além de desenvolvimento sustentável e estratégias de energia.
Kauffmann informou que o setor privado vai apresentar iniciativas de construção sustentável no Forte de Copacabana.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann, disse que a utilização de materiais sustentáveis nas construções é uma tendência mundial.
“Sem dúvida alguma. A tendência mundial e aqui no Brasil seria a utilização de uma série de itens de sustentabilidade, como aquecimento solar e eólico, telhas especiais, uma série de itens que tornam a construção sustentável”, acrescentou, em entrevista à Agência Brasil.
Esse é o objetivo de muitas apresentações que vão ocorrer durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorrerá em junho. Kauffmann informou que o setor privado vai apresentar iniciativas de construção sustentável no Forte de Copacabana, que “estão sendo tomadas e incentivadas pelo estado, pela prefeitura e pelo governo federal”.
As instalações do Forte foram alugadas pelas federações das indústrias dos estados do Rio de Janeiro (Firjan) e de São Paulo (Fiesp), pela Fundação Roberto Marinho e pela prefeitura carioca. Lá ocorrerão vários eventos paralelos à Rio+20.
Um deles, programado para o dia 18 de junho, vai tratar da construção verde. A ideia, disse Kauffmann, é mostrar que o Brasil “está praticando e pretendendo praticar a construção sustentável. Isso é feito não só para atender à população de baixa renda, mas também à classe média e à alta renda. A gente vai procurar avançar bastante em outros quesitos”.
Kauffmann lembrou que também a Caixa Econômica Federal, principal financiadora do setor da construção, incentiva que as empresas usem materiais sustentáveis nos empreendimentos, seja para o programa Minha Casa Minha Vida ou para os financiamentos normais.
“Principalmente na faixa de renda de R$ 1,6 mil, estão sendo seguidos vários quesitos de sustentabilidade. Você tem que ter uma área verde dentro do empreendimento. Isso é importante, além de aquecimento solar”, citou.
Também as residências de luxo estão em busca da sustentabilidade. O primeiro condomínio da América Latina que recebeu a certificação inglesa Breeam (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), criada em 1992, foi o Movimento Terras, localizado em Petrópolis, na região serrana fluminense.
A certificação Breeam, uma das mais rigorosas em termos de exigências ambientais, já aprovou mais de 110 mil empreendimentos em vários países. As oito casas que integram o condomínio Movimento Terras apresentam inovações sustentáveis, entre elas estrutura metálica com aço reciclado, telhado verde, captação de água da chuva, madeira certificada, conforto ambiental com luz natural e ventilação cruzada e aquecimento solar.
O condomínio recebeu este mês o Greenbest, principal prêmio nacional de iniciativas sustentáveis, promovido pela Greenvana, empresa líder em sustentabilidade para o mercado de consumo no Brasil, na categoria projetos de arquitetura e construção.
Dos 348 municípios pesquisados, 61 têm legislação sobre resíduos da construção civil aprovada e 76 estão em estágio de elaboração ou aprovação
Levantamento divulgado ontem (17) mostra que 61% dos municípios do estado de São Paulo não têm legislação específica – ou estão em fase de elaboração – sobre os resíduos produzidos pela construção civil. A Resolução 448 do Conselho Nacional do Meio Ambiente determina que os municípios e o Distrito Federal (DF) elaborem os planos de Gestão de Resíduos de Construção Civil até janeiro de 2013, e o coloquem em prática até seis meses depois.
A enquete, feita de junho a agosto de 2011 pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), colheu dados em 348 (53,9%) dos 645 municípios paulistas. “A gente percebeu que existe muita iniciativa pontual nos municípios, mas que não são adequados à regulamentação por falta de conhecimento do assunto. E toda essa questão de regulamentação de resíduo da construção está sendo muito nova”, disse a coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do Sinduscon, Lilian Sarrouf.
Dos 348 municípios pesquisados, 61 têm legislação sobre resíduos da construção civil aprovada e 76 estão em estágio de elaboração ou aprovação. “De modo geral, as cidades maiores estão mais atualizadas. E também as cidades em área de preservação e cidades turísticas. As que já têm esse conceito da sustentabilidade, também já demonstraram que estão buscando o gerenciamento correto [dos resíduos]”, destacou a coordenadora.
O Sinduscon tem a expectativa que o percentual de cidades com legislação específica sobre o tema aumente rapidamente em razão da pressão da sociedade. “Haverá certamente uma pressão crescente de instituições sociais, do Ministério Público e do próprio estado, para que os planos municipais sejam desenvolvidos, disciplinando todos os resíduos sólidos e, inevitavelmente, os resíduos da construção civil”, diz o texto da pesquisa.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) realizam, no próximo dia 17 de maio, das 13h às 17h30, na Assembleia Legislativa de São Paulo, o evento “Resíduos da Construção Civil – Soluções e Oportunidades”.
Esta iniciativa conjunta entre governo, entidades de classe e iniciativa privada pretende incentivar a melhoria da gestão dos resíduos da construção por parte dos diversos atores envolvidos. O encontro conta com o apoio do deputado Campos Machado, líder do PTB na Assembleia Legislativa.
Na ocasião, as empresas de reciclagem e aterro de resíduos da construção vão entregar à Cetesb (agência ambiental paulista) moção pedindo para que seja alterada a Resolução 56 SMA, que permite, sem controle de contaminantes, disposição de solo para correção topográfica.
Especialistas enxergam na Resolução 56 uma brecha para que sejam depositados na cidade, sem controle, solos contaminados. “Esta resolução permite a contaminação do solo de São Paulo. Temos que saber, por meio de registros, a origem e os destinos do entulho depositado na cidade”, disse Fernando Pinheiro Pedro, advogado ambientalista que, durante o evento, vai apresentar painel sobre a “Responsabilidade dos Agentes Envolvidos”.
O evento é gratuito, mas as vagas são limitadas. Mais informações e inscrições pelo site http://www.anggulo.com.br/rcc/index.html.
A abertura do evento será feita pelo Secretário Adjunto do Meio Ambiente, Rubens Rizek e pelo presidente do Sinduscon-SP, Sergio Watanabe.
O evento acontece em um momento que, após sancionada a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERN), de 2006, e em 2010 a lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), está para ser divulgado o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que estipula metas para os diferentes setores darem destinação adequada a seus resíduos, incluindo, no caso do setor da construção, metas para que os municípios implantem áreas de transbordo e triagem, recicladoras e aterros para receber os resíduos inertes da construção. Com isto, são diversas as iniciativas distribuídas pelo Brasil, que visam cumprir as determinações da Política, além da recém atualizada resolução do Conama 307/2002, que traz prazos a serem cumpridos pelos municípios e geradores.
Com o objetivo de colaborar para essa discussão e apresentar avanços e soluções desse setor na gestão de resíduos, diversos especialistas e autoridades convidadas apresentarão exemplos que podem ser seguidos, além de debater sobre os desafios do setor da construção civil para o cumprimento das metas estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Entre os especialistas estão Lilian Sarrouf, coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente do Sinduscon-SP (Comasp), que apresentará exemplos de gestão de resíduos sólidos pelos grandes geradores; Gilberto Meirelles, presidente da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon) e Horácio Peralta, diretor da Associação Paulista das Empresas de Tratamento e Destinação Final de Resíduos Urbanos (Apetres), que apresentarão quais são as áreas de destinação e reciclagem de resíduos da construção.
Estarão presentes também representantes de diversos órgãos públicos, como Flavio de Miranda Ribeiro, assessor técnico do Gabinete da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e João Luiz Potenza, diretor do Centro de Projetos da Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, entre outros.
Durante o evento, André Aranha Campos, coordenador do Comitê de Meio Ambiente do Sinduscon-SP, fará o lançamento da publicação “Resíduos da Construção Civil e o Estado de São Paulo”, um levantamento da situação da implementação da gestão de resíduos da construção no Estado, feito por meio de uma pesquisa desenvolvida pelo Sinduscon-SP com 348 municípios do Estado.
Governo Paulista anuncia que decreto, em fase final de edição, terá novas regras para o setor
Os conceitos de construção civil no Estado de São Paulo vão mudar. Pelo menos foi o que anunciou o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas. O Governo deve publicar, em breve, um decreto para estipular regras e diretrizes para que as obras sigam critérios sustentáveis. O anúncio aconteceu durante o lançamento da pedra fundamental da CasaE, da BASF, projeto residencial construído a partir de produtos e técnicas inovadoras e sustentáveis. Com 400 metros quadrados de área construída, ela se localizará na avenida Vicente Rao, na zona Sul de São Paulo. A previsão é de que esteja pronta em 6 meses. Entre as principais questões a serem abrangidas pelo decreto governamental estão um melhor o uso da água e da energia, além da gestão de resíduos. A minuta do decreto foi elaborada por um grupo de trabalho, formado pelo Governo e representantes do setor. O documento é resultado do Programa Estadual de Construção Civil Sustentável, previsto na Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC). “A missão da Secretaria não é impedir o crescimento do nosso Estado. Estamos aqui para orientar, para buscarmos soluções. Com o decreto vamos estabelecer regras e diretrizes e garantir que as construções sigam padrões ecoeficientes”, afirmou Bruno Covas. De acordo com a BASF, o setor da construção civil é responsável por 30% das emissões de gases de efeito estufa no mundo e consome 40% da energia gerada globalmente.