Apesar da crise econômica que vem assustando o mundo desde o final de 2008, o Brasil é um dos países que menos têm sofrido impacto financeiro. As boas expectativas para 2012 têm atraído investimentos estrangeiros em muitos setores e a bola da vez é a construção civil.
Júlio Monte Carlo, economista graduado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e filiado ao Conselho Regional de Economia de São Paulo (CORECON-SP), conta que, com a proximidade de grandes eventos esportivos que acontecerão no País – como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016 – combinados com o boom imobiliário brasileiro e a crise na Europa e nos Estados Unidos, tem se tornado cada vez mais evidente o interesse de bancos, empresas e fundos de pensões estrangeiros em investir em ações ligadas à construção civil no Brasil.
“Os potenciais investidores apostam sempre em mercados mais seguros, como o europeu e o americano. Mas, incrivelmente, a crise está fazendo muito bem ao nosso mercado e os investimentos estão tomando seu rumo em direção aos países emergentes, mas que possam oferecer alguma segurança. E o Brasil encaixa-se em todas essas características”, afirma o economista.
O atrativo na construção civil
Otávio Freitas, especialista em economia internacional pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz que os investidores estrangeiros encontram no Brasil uma oportunidade de aplicar seus investimentos e obter lucros mesmo em momentos financeiramente conturbados. Para ele, porém, os grandes atrativos que diferenciam o país de outros emergentes são sua situação social atual e também algumas medidas adotadas recentemente pelo governo.
Segundo ele, o país apresenta, hoje, um bom sistema político e econômico – em que é visível o aumento gradativo da classe média, juntamente com as facilidades provenientes do acesso ao crédito. O Brasil também possui um baixo endividamento e uma renda relativamente alta. “Os salários têm aumentado, mas, ao mesmo tempo, existe ainda uma defasagem quando se trata de habitação no Brasil. Além disso, as obras para os eventos esportivos e medidas governamentais, como a redução de 6% para 0% da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de estrangeiros em títulos privados de longo prazo com prazos de vencimento superiores a quatro anos, são um prato cheio para o investidor”, afirma.
A expectativa, segundo informações da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (CBIC), é que os investimentos estrangeiros na construção civil brasileira ultrapassem US$14 bilhões em 2012.
O investimento, de acordo com Carlo, é em médio prazo e envolve não apenas imóveis residenciais, mas também shopping centers e centros comerciais, cujo número tem aumentado muito no país. Apesar de ainda oferecer riscos, o investimento imobiliário apresenta altas taxas de crescimento e um retorno acima de mercados europeus e americanos.